2 de março de 2018

REFLEXÃO E DEBATES



Será que Sou Lésbica??

Há algum tempo atrás eu achava que era bem fácil responder essa pergunta, pois bastava no dicionário ou coisa parecida, ou seja: uma mulher que sente atração por mulheres. Mas acontece que, quanto mais o tempo passa, mais complicada essa pergunta me parece.
Dizer que sinto atração por mulheres não define por completo; parece vazio e não traduz a minha história e a de outras as mulheres lésbicas como eu. Não traduz nossa luta, não traduz o que aprendemos por sermos quem somos, não traduz os sacrifícios que precisamos fazer por nossa felicidade, não traduz as violências que sofremos constantemente, não traduz nossa constante invisibilidade diante da sociedade… É vazio.
Ser lésbica é sentir-se diferente, sozinha, errada, doente, odiada e tantos outros adjetivos assim que percebo que não faço parte da heteronormatividade, daquilo que a sociedade diz que é o “certo”.
Ser lésbica é sentir pavor e pânico só de cogitar contar pra minha família, amigos ou colegas de trabalho que eu me relaciono com outras mulheres. Medo de perder o emprego. Medo de ser abandonada pela família. Medo de descobrir que esses amigos não eram amigos verdadeiros. Medo de ser espancada. De ser expulsa de casa. De ser enviada para um hospital psiquiátrico.
Ser lésbica é sofrer bullying, diferenciação, segregação e tantas outras ações de preconceito praticadas pelos funcionários do ambiente que deveria me educar para ser um adulto melhor. É ser expulsa de festas da escola. É sofrer tentativas de expulsão do banheiro feminino na escola porque às vezes não me visto como as outras meninas e “pareço um menino”. É sofrer ameaças diariamente e ter meu desempenho acadêmico cada vez mais baixo por conta da depressão e, de repente, até abandonar o ensino.
Ser lésbica é ser recusada numa entrevista de emprego porque tenho cabelo curto e me recuso a usar salto. Ou, já empregada, ser ridicularizada no ambiente de trabalho e assinar uma carta de demissão com uma justificativa totalmente falsa que, no fim das contas, só quer dizer que não querem uma sapatão na empresa.
Ser lésbica é sofrer estupro corretivo de familiares, conhecidos e desconhecidos, porque eles acham que se me estuprarem eu vou “aprender a gostar de homem”. O que só me faz desenvolver trauma de homem. Trauma de família. Trauma de sexo. Trauma de mim mesma. Desenvolver dificuldade em criar vínculo emocional com qualquer pessoa. Desenvolver distúrbios psicológicos sérios. Frequentar um terapeuta por anos e nunca conseguir colocar minha cabeça no lugar outra vez. É, até mesmo, desenvolver comportamento suicida e acabar não sobrevivendo até a fase adulta, pois a pressão é tanta que o suicídio me parece a única saída.
Ser lésbica é ser espancada na rua voltando da escola, do trabalho, da casa do amigo, da balada. É simplesmente estar andando tranquilamente e ser abordada por alguém que quer ver sangue saindo do meu corpo simplesmente por não me compreender e, por isso, não aceita minha existência. É enxergar a crueldade gratuita nos olhos e nos punhos de estranhos. É gritar por ajuda e ninguém aparecer. É tentar abrir uma ocorrência na delegacia e duvidarem do que aconteceu, dizerem que eu devo ter provocado, que não tem como registrar como homofobia porque homofobia não é crime.
Ser lésbica é namorar escondido e nunca demonstrar carinho pela pessoa que mais amo em público, por mais singelo que seja, porque ainda estou no armário e morro de medo de alguém ver e minha vida desmoronar. E, por isso, perder minha namorada que amo tanto, porque ela não aguenta mais ser escondida como um crime.
Ser lésbica é ter medo de falar minha orientação sexual pra ginecologista e ela não me atender direito. É querer fazer sexo seguro pra me prevenir contra DSTs e não ter um contraceptivo pensado na minha experiência sexual, porque o governo não se importa. É ter que usar plástico filme de cozinha, dedos de luva de borracha… É me sentir invisível. É ver meu sexo deixando de ser algo íntimo meu e sendo transformado em roteiro de filme pornográfico focado em satisfazer prazer de homens.
Ser lésbica é, de repente, acreditar em Deus e tentar procurar acolhimento e compreensão em uma igreja na qual eu possa orar/rezar e me sentir amada (afinal, “Deus é amor”), mas entrar lá e ouvir um pastor/padre dizendo que eu vou para o inferno, que Deus me ama (mas odeia o que eu faço), que pra me salvar eu tenho que mudar, que eu estou com o demônio no meu corpo, que minha vida é um grande pecado, que eu não posso continuar lá dentro a menos que passe por sessões aterrorizantes de “purificação” que nunca vão funcionar, apenas me machucar. E, então, se eu não deixar de acreditar em Deus, me afastar das igrejas por não ser considerada digna de estar nelas.
Ser lésbica é já ter saído do armário e achar que finalmente tudo vai ficar bem, mas ser expulsa do restaurante porque dei um selinho na minha esposa. Ou sofrer assédio sexual na rua de homens nojentos que enxergam meu relacionamento como fetiche e material de punheta. É passear de mãos dadas com minha esposa e ouvir uma senhorinha comentando que nós somos nojentas e que o mundo está perdido.
Leia também:  Como o impeachment ameaça os direitos LGBT na política.
Ser lésbica é comemorar que finalmente no Brasil posso casar com minha namorada, porém ainda vamos ter que lutar uma vida pra conseguir adotar uma criança e construir uma família. Ainda corremos o risco de, quando eu morrer, ela não receber pensão, ela não poder entrar no registro de adoção e perder a guarda da criança que ajudou a criar, ela precisar de autorização pra uma cirurgia de emergência e eu depender que um dos familiares homofóbicos que a expulsaram de casa autorizem, pois eu não posso.
Ser lésbica é construir minha família, adotar bebê ou fazer inseminação artificial (seja o que for), e meus filhos voltarem todos os dias chorando por sofrerem preconceito na escola por terem duas mães. E eu assistir eles sofrendo de novo tudo aquilo que sofri porque o tempo passa e a sociedade continua ignorante e cruel, até mesmo com crianças inocentes e sem maldade.
Mas ser lésbica também é, por causa de tudo isso, ser uma pessoa muito mais forte. Saber exatamente quem eu sou, o que eu quero e pra onde vou. Ser lésbica é ser corajosa, é aprender a ter orgulho de mim mesma, é compreender o amor na sua forma mais pura e sincera, é aprender a compreender o amor das outras pessoas também, e compreender a diversidade, o respeito, a compaixão… Ser lésbica é enxergar a diversidade e todas as suas cores, é cada dia estudar mais e mais pra deixar de ser ignorante e entender o próximo pra não praticar preconceito assim como aqueles que fizeram tanto mal pra mim. Ser lésbica é aprender a lutar por um amor que parece impossível, é valorizar as amizades que não me abandonam nas horas mais difíceis, é perdoar todos aqueles que cospem em mim, é olhar nos olhos da pessoa que amo e encontrar forças pra me orgulhar de quem sou. Ser lésbica é estufar o peito na rua como um escudo anti crueldade, é aprender a sobrepor o canto dos passarinhos aos xingamentos dos incoerentes, é sorrir mesmo quando tudo parece ser negado a mim, é encontrar uma janela em cada porta fechada.
Ser lésbica é ser uma guerreira. É vestir a bandeira do arco-íris, levantar os punhos pro alto e lutar pelos meus direitos. É lutar por uma mudança infelizmente tão lenta que talvez eu nem chegue a vivê-la, mas ter a consciência limpa e a esperança feliz de que as lésbicas que virão depois de mim terão oportunidade de viver muito mais felicidade do que tristeza; muito mais aceitação do que preconceito; muito mais amor do que fetichização; muito mais carinho do que violência; muito mais atenção do que esquecimento.
Ser lésbica é, mesmo sendo maltratada por ser quem sou, não desejar a morte nem o mal de ninguém; mas, sim, desejar apenas que as mentes daqueles que me fazem mal sejam iluminadas com conhecimento, pra que eles deixem de repelir aquilo que não conhecem e evoluam.
Ser lésbica é o que me faz ser uma adulta consciente, que percebe e se importa com grande parte do que há de errado nesse mundo, que me faz desejar um mundo melhor. É o que me faz ter vontade de ter bondade no coração, de ajudar o próximo, de ser legal, de ser responsável, de honrar minha palavra, de ter caráter, de ser bem sucedida, de ficar longe de tudo que pode me destruir.
Ser lésbica é saber que ser lésbica é muito mais do que uma orientação sexual. É uma formação de caráter, é um ato político, é uma maneira de amar, é um olhar sobre a vida, é um aprendizado. Ser lésbica é algo muito maior do que a grande maioria pode entender. Ser lésbica é uma luz que existe dentro de mim e nunca deixa de brilhar.
Ser lésbica é algo que ainda estou aprendendo direito o que realmente é.
Você sabe o que é ser lésbica?



Como Ter uma boa Relação homo afetiva

Ter uma relação lésbica já é, na maioria dos casos, mais complicado do que uma relação heterossexual. Não devido ao relacionamento em si, mas graças à sociedade em que vivemos que nos coloca ainda mais pressão.
As relações amorosas têm problemas, e as lésbicas não são exceção! Por vezes precisamos apenas de nos concentrar na relação e fazer um esforço para as melhorar.
Hoje partilhamos 10 Dicas para melhorar uma relação lésbica.
Melhorar a relação lésbica – 10 Dicas simples
Não é difícil melhor uma relação lésbica, aliás, não é difícil melhorar nenhuma relação, só precisamos de nos esforçar mesmo!
Muitas vezes as relações acabam por terminar porque simplesmente demos as coisas como garantidas e deixámos de tentar!
Precisa de melhor a sua relação? Vamos às 10 dicas?
1-     Converse – Pode parecer simples, mas a falta de diálogo ainda é uma das principais causas dos fins de relacionamento. Andamos sempre tão ocupadas que por vezes nos esquecemos da pessoa que está ao nosso lado. Principalmente se se tratar de uma relação recente onde possam estar a sofrer de discriminação. Não deixem que a vida se coloque entre vós!

1-     Deixe a competição de lado – A competição é natural em qualquer relacionamento, mas está ainda mais presente em relacionamentos homossexuais. Não tentem ser sempre superiores em tudo… São um casal, uma equipa e não concorrentes.

2-    Aprenda a respeitar as diferenças – As pessoas nem sempre reagem como nós desejamos! Quer sair e a sua companheira quer dormir? São diferenças que devem ser absorvidas, porque, afinal, todos temos direitos a ser quem somos.

3-    Discutam como se sentem na relação – Ser lésbica e ter uma relação assumida pode não ser simples. Conversem sobre o assunto e decidam se vão ou não assumir, se vão esconder em determinados locais… Em suma, vejam se estão de acordo neste campo para não existir surpresas. Novamente, conversem!


4-    Preparem surpresas – Toda a gente gosta de ser surpreendida! Se preparar uma surpresa para a sua namorada ela vai sentir-se novamente amada, vai saber que você pensou nela! Quem não quer isso? Preparar surpresas no dia dos namorados é ótimo, mas tente fazê-lo também em dias normais.

5-    Dividam tarefas – Se vivem juntas, dividam as tarefas domésticas! Lá porque uma costuma fazer tudo, não quer dizer que este feliz com isso. Partilhem o fardo.


6-    Explorem bastante o sexo – O sexo pode terminar uma relação, principalmente se se tornar uma sombra entre vós. Se acham que algo está errado, é hora de sentar e   conversar. 

7-     Discutam fantasiasdiscutam sexo oral, discutam tudo. Sem vergonhas.

8-    Não tente mudar a sua parceira – Infelizmente isso é muito mais comum do que pode pensar. Ao início começa por mudar poucas coisas, depois vai aumentando as exigências… E pode até parecer que ela está a aceitar, até que um dia ela se cansa de não poder ser ela mesma.

9-    Ceder na hora certa – Ninguém gosta de ceder, muito menos nós, mulheres! Mas numa relação, com pessoas de que realmente gostamos, alguma vai ter que ceder. Não queira ganhar a batalha e perder a guerra.


10-                Sejam honestas – A dica mais importante de todas e que muitas vezes nos esquecemos. A mulher que tem ao seu lado é a sua companheira, a sua parceira, a sua cara-metade. Trate-a como tal.

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